domingo, 21 de julho de 2019

NOSSAS RIQUEZAS






 
Jesus, falando das riquezas terrenas, disse: “...guardai-vos de toda e qualquer avareza, porque a existência de um homem, não consiste na abundância dos bens terrenos que ele possui”.

Sempre que um ano principia, somos levados a refletir quanto à oportunidade de alcançar melhores resultados no período que começa e criamos renovadas esperanças de realizações, formulando novas propostas e planos. Essa realidade pode ser vista em dois ângulos diferentes de observação, permitindo-nos refletir em ambos, de forma diferente.

A primeira observação diz respeito à temporalidade. Como nos sugere o monge Agostinho, essa reflexão não deveria ser só uma vez durante o ano, e sim, ocorrer ao fim de cada dia, antes de dormir. Poderíamos fazer algumas perguntas a nós mesmos, sobre as questões de relevância, capazes de nos fazer sentir a própria condição interior, e refletir sobre as oportunidades de corrigir nossas ações. Agostinho propôs: “Dirijamos a nós mesmos perguntas interrogando sobre o que temos feito e com que objetivo; se foi feita alguma coisa que, vindo de outra pessoa, teria a nossa censura; se fizemos alguma ação que nos seria difícil confessar. Se Deus nos chamasse nesse momento, nós teríamos algo a temer, ao entrar no mundo espiritual, onde nada pode ser ocultado?”

No segundo ângulo da observação, pode-se inquirir sobre a natureza dos nossos anseios ou desejos de cada dia, reavaliando objetivos de forma a torná-los mais próximos dos ensinamentos de Jesus, para um Mundo Melhor. No relato de um evangelista  encontramos Jesus nos alertando, ao dizer: “... guardai-vos de toda e qualquer avareza, porque a existência de um homem não consiste na abundância dos bens materiais que ele possui”.
O  desejo  de  posses  terrenas e  de poder   tem acalentado o sonho de muitos seres humanos, sem que eles levem em consideração que a transitoriedade da existência, leva esses bens a se transferirem à outras pessoas, causando a sofrida sensação de perda. Ainda no relato de Lucas, vamos encontrar o Mestre, na parábola do homem que tencionava aumentar seus celeiros para armazenar abundante colheita, referir-se a um tipo de pobreza, dizendo: “...o que entesoura para si mesmo aqui na Terra, e que é pobre para com Deus”. Emmanuel, nós dá importantes dicas ao referir-se às riquezas, mostrando as que nós possuímos, além da posse material, como: a inteligência, a saúde, a vocação, a profissão, a habilidade, a cultura, e outras formas mais.

A inteligência é uma das melhores riquezas que possuímos. Com ela podemos encontrar as coordenadas para localizar um determinado ponto na Terra. Pelo raciocínio e discernimento, Allan Kardec definiu que a Doutrina dos Espíritos é uma ciência possuindo objetivo e método. Com a inteligência, Sabin sintetizou a vacina contra a poliomielite e tornou-se um benfeitor da humanidade. Com a inteligência, Santos Dumont inventou o avião; Com a inteligência  foram criadas as melhorias que existem no mundo para nosso benefício, a começar pelo fogo, depois a roda, em seguida a panela de barro, a vestimenta, a sandália, a enxada, a carroça,  mais adiante, a eletricidade, a lâmpada, a máquina de costura, mais a frente, o automóvel, o disco, o fogão, a geladeira, o rádio, o trem, o navio, a televisão, a internet, sem falar nos remédios para muitas doenças e muitas outros utilidades que usamos para nosso conforto. Com toda essa riqueza que Deus permitiu ao ser humano, através da inteligência, deve ela ser submetida ao crivo de Agostinho, para ser valiosa na caminhada para o nosso futuro. Isto porque a inteligência pode ser também utilizada e direcionada para a prática de atos desonestos e criminosos, como acontece no mundo.
A saúde é outra poderosa riqueza que torna o espírito apto para as realizações.  Ela envolve aspectos tanto físicos como mentais. Com ela muitas pessoas chegam a terceira e quarta idade ativos e realizadores, capazes de contribuir satisfatoriamente na sociedade em que estão inseridos. A saúde torna possível prolongar as participações e desfrutar de condições adequadas para o exercício da existência.

A profissão, casando com a vocação são capazes de fazer do ser humano, um virtuoso, um gênio, uma célula ativa na sociedade. Quando elas estão unidas em qualquer atividade, observamos um bom profissional, dedicado, atencioso, que dignifica qualquer trabalho, porquanto seu desempenho é realizado com carinho e amor ao que faz. Esse é um profissional nobre que dá valor ao trabalho que executa, beneficiando a humanidade, embora viabilizando também o seu sustento de cidadão e de sua família.

Com a cultura o ser humano entre na posse de uma riqueza fenomenal. Pode ler, escrever, calcular, projetar, criar, realizar e concluir. Com ela, calcula distâncias, domina a internet, vê organismos microscópios, sintetiza, armazena, recupera e modifica tudo em volta de si. Com ela, prevê o futuro e se antecipa, protegendo o meio ambiente, a existência, o semelhante e a si próprio. Com a cultura, ensina e contribui com os familiares, amigos, colegas, apóia outras pessoas, exerce a cidadania, dirige, administra, transmite e vivencia, ajudando e colaborando com todos.

Com certeza, somos todos muitos ricos, embora muitas pessoas só se interessem apenas pela riqueza monetária, que diferente de outras riquezas, não nos pertence, pois só a utilizamos a título precário e provisório, por pertencer a Deus, que pode nos dar e também retirar a qualquer tempo. Todas as demais riquezas são dadas e também conquistadas pelo ser humano em evolução, e crescem com o espírito em constante progresso.

Além das riquezas materiais, das riquezas morais do espírito, ainda temos outra riqueza... Não nos damos conta de que a possuímos, embora a título provisório. Essa riqueza é constituída do nosso corpo físico, uma verdadeira maravilha divina, um aparelho super-poderoso, jamais igualado. Quantas pessoas já pararam para pensar e avaliar o valor dessa riqueza? Segundo nosso conhecimento, o corpo físico é a mais perfeita obra na Natureza, que Deus já criou; é a máquina mais eficiente que outra qualquer que os cientistas tenham inventado ou criado.

Vamos analisar essa perfeição de anatomia.  O corpo é constituído, como sabemos de cabeça, tronco e membros, existindo ainda alguns órgãos que são comandados por nossa vontade e outros que são autônomos, funcionando independentes, sob a orientação da alma que o anima. Na cabeça, temos o cérebro, os olhos os ouvidos, as orelhas, os cabelos, o nariz e a boca com a língua. Cada órgão desempenha suas funções em conjunto e harmonia com os outros órgãos e as demais partes do corpo.

No cérebro estão localizados bilhões de células que se ramificam e se comunicam com todas as partes do corpo, através dos sistemas nervoso, respiratório e sangüíneo. Pelos olhos temos a visão, com a íris, pupilas e milhões de bastonetes que trabalham para nos proporcionar a visão. Jesus certa vez nos recomendou: “Se teus olhos forem bons, teu corpo terá luz”. Temos também os ouvidos que nos permite ouvir os sons, os ruídos e as vozes. No nariz, temos o sentido do olfato, que nos permite saber o odor, o cheiro.  Na boca com a língua, o sentido do paladar que nos permite distinguir o gosto e o sabor das coisas, se amargo, doce, azedo ou salgado. A boca com a línguas nos permite ainda articular as palavras com que nos comunicamos com os outros, ajudando-os ou prejudicando-os, conforme o uso que fizermos delas. A fala emite ondas positivas ou negativas que preocupou Eurípedes Barsanulfo, grande educador espírita, que nos disse: “A língua é um instrumento tão poderoso que, com ela, tanto podemos ganhar como perder nossa existência, pelo uso que dela fizermos... e para isso, não é necessário que a pessoa seja maledicente, desrespeitosa, mas apenas franca e sincera, sem meias palavras, e que não saiba calar, quando é preciso.”

No tronco do corpo temos o aparelho respiratório, com os pulmões, alvéolos, canais, etc., que nos permite respirar e viver; o coração com seu sistema sanguíneo, com milhões de vidas microscopias, circulando nas artérias e veias, levando o oxigênio a todas as partes do corpo; o sistema urinário que permite eliminar as impurezas do organismo, e o sistema reprodutivo que permite a reprodução dos seres humanos, e ainda outros órgãos internos como o estômago, os intestinos, o fígado, os rins, bexiga, próstata, costelas, músculos, ossos tecidos, etc., que executam suas funções, formando um conjunto harmonioso e eficiente.

Possuímos ainda os membros que são os braços e mãos e as pernas e pés. Com os braços e as mãos executamos as nossas atividades; com as mãos foram construídas todas as obras que contribuíram e contribuem para o progresso da humanidade; com elas realizamos o trabalho que nos garante a nossa manutenção e da nossa família; com elas também ajudamos os nossos semelhantes.  Mãos que são dádivas de Deus para que exercitemos a caridade e a fraternidade. Com elas Jesus abençoou, curou e salvou muitas pessoas, e. por elas, foi crucificado... Com as pernas e os pés, nos locomovemos de um ponto para outro qualquer; para o trabalho, para o passeio, para o local do nosso envolvimento religioso, para o nosso lar.

Se após todo este comentário, toda esta descrição da máquina divina, do computador mais perfeito e completo que existe na Terra, que somos nós, se ainda existir alguém que se ache pobre, que não possui riqueza alguma, que não foi abençoado por Deus, só porque não foi aquinhoado com a fortuna material, então deve se voltar e olhar para trás, pois vai ver milhões de pessoas que estão em situação muito pior do que a sua; veja os cegos que não possuem a visão; os paralíticos que não podem andar; os doentes nos lares e hospitais que não possuem a saúde; os que passam fome por não obter o que comer; os que dormem nas ruas por não terem um lar; os que não podem se locomover por não terem as pernas; os que se encontram inocentes, aprisionados, por não terem a liberdade; os que se encontram a beira da morte, sem assistência e sem terem mais condições de reformularem a existência... Pense sobre todos eles e respondam se você é mais pobres ou infeliz do que eles. Se mesmo assim, ainda se sentir pobre, faço-lhes uma pergunta:  Por quanto você venderia seus olhos? Quanto pelos braços, pelas pernas, pelos rins e pelos pulmões?...

Felizes são aqueles que reconhecem a bondade de Deus e agradecem pela existência, pelo dia e pelas bênçãos que recebem a todo instante, que são riquezas divinas que ninguém as pode tirar. Infelizmente, nós seres humanos, temos o hábito de só sabermos dar valor aos bens que temos, quando os perdemos. Ficamos então a lamentar, achando que Deus que é Criador e Pai de todos, nos desamparou, sem reconhecer que fomos nós mesmos o causador da nossa situação atual e da nossa infelicidade, por não termos adquirido o merecimento que nos daria uma melhor situação; estamos colhendo o que plantamos, e, se não fizermos melhor, continuaremos na mesma situação achando que somos infelizes e esquecidos por Deus...

A verdade é que somos ricos, muito ricos, se não de bens materiais, o somos de saúde, ou de paz, de esperança, de resignação, e do Amor do Pai Celestial, que nunca nos abandona porque todos nós somos suas criaturas, em qualquer tempo e em qualquer lugar...  Que o Pai Celestial nos dê a compreensão de que seremos felizes se assim o quisermos...

Bibliografia:
“O Espírita Mineiro”
+ Acréscimos

Jc.
S.Luis, 13/8/2009.
Refeito em 10/07/2019

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