O
jornalista J. R. Guzzo, em artigo publicado na revista “Veja” nº 2367, de
2/4/2014, refere-se ao assunto que dá nome a este artigo, que reproduzo alguns
tópicos do mesmo, concordando com o que ele afirma. Diz ele: “Pode ser uma coisa que muitas
pessoas acham desagradável ouvir, e por isso é melhor dizer logo, para não
gastar o tempo do leitor. É o seguinte: os brasileiros fariam um grande favor,
a si mesmos, se tomassem a decisão de ficar, com o máximo de clareza e na
frente de todo mundo, a favor da polícia. Isso mesmo: a favor da polícia, e da
ideia de que cabe a ela com exclusividade, numa democracia o direito de usar a
força bruta, quando necessário, para manter a ordem, cumprir a lei e proteger
os cidadãos. Tem a obrigação legal de fazer tudo isso. Algum problema? É
exatamente assim em todos os regimes democráticos. Eis aí, na verdade, uma
afirmação evidente em si mesma; pode ser entendida sem a menor dificuldade após
um minuto de reflexão”.
Mas
estamos no Brasil, e no Brasil, no momento, justamente agora, passamos por um
desses surtos de tumulto mental. Segundo o entendimento de boa parte daquilo
que se considera o “Brasil pensante”, “civilizado” ou “moderno”, é que muitas
pessoas acham que o maior dos nossos problemas não seja o crime, mas a polícia.
Parece bem esquisito pensar uma coisa dessas, num país com mais de 50.000
assassinatos por ano e índices de criminalidade que estão entre os piores do
mundo. Onde esses “pensadores civilizados” estão vendo o problema de que tanto
falam?
Vai
saber. Os verdadeiros mistérios desse mundo não são as coisas invisíveis, e sim
as que se podem ver muito bem. No caso, o que se pode ver com clareza é a fé
automática de boas almas e mentes num mandamento que ouvem desde crianças: o
criminoso brasileiro é sempre “vítima das desigualdades sociais”, (o que não
concordo), e o policial está errado, por princípio, quando usa a força contra
ele. Seu dever, segundo pensam os “civilizados”, como agente do Estado, seria
tratar os bandidos como cidadãos que precisam de ajuda, para que tenham
oportunidade de entender por que não devem assaltar, furtar, roubar, estuprar,
espancar e matar. E os bandidos, por que praticam todos esses crimes?
Praticamente
todos os dias há exemplos claros desse curto-circuito geral na capacidade de
separar o certo do errado. O cidadão é assaltado, roubado e ferido, e no dia
seguinte se lê ou se vê mais uma reportagem acusando a polícia por algum erro,
real ou imaginário. Ainda há pouco, o país teve oportunidade de testemunhar
políticos, intelectuais e celebridades em geral, com a colaboração maciça da
mídia, colocando a polícia no banco dos réus, por reprimir bandos de marginais
que vão para á rua decididos, treinados e equipados para destruir e roubar. Segundo
essas excelentes cabeças, a polícia cria um “clima de violência” e de
“provocação”, com a ação, que “força os ativistas baderneiros” a se defenderem
“previamente”, incendiando bancas de jornal, destruindo e queimando carros,
quebrando vitrines de lojas e destruindo e roubando os caixas automáticos.
Esse
tipo de julgamento vai se tornando mais e mais aceitável no Brasil de hoje,
além disso, cabeças em que não há ideias são sempre as mais resistentes a
deixar alguma ideia entrar nelas. Quanto
à imprensa, rádio e TV, acreditem: o que mais gostam de fazer é falar as mesmas
coisas, acusando a polícia. Nesse debate não há sete lados, só há dois lados,
um que está com a lei e o outro que está contra – e aí o cidadão de bem precisa
dizer qual dos dois lados ele realmente apoia. O primeiro é a polícia; o
segundo é o que comete o crime dentro de casa e na rua. Não vale dizer
“depende”, ou declarar-se a favor da ordem, desde que a polícia se comporte com
altos níveis de civilidade, seja muito bem educada, não bata em ninguém, nem
cause nenhum incômodo físico a quem esteja jogando coquetéis incendiários ou
com uma arma ameaçando a integridade dos cidadãos e dos próprios policiais.
A
questão real é apoiar hoje a polícia brasileira que existe – não dá para chamar
a polícia da Dinamarca, por exemplo, para substituir a nossa, ou tirar a PM da
rua e só chamá-la de volta daqui a alguns anos quando estiver bem treinada,
preparada e capacitada a ser infalível. É mais do que sabido que na polícia do
Brasil existem muitos vícios e outros tantos policiais que não cumprem com a
sua obrigação. Mas, da mesma maneira não é possível fechar os hospitais
públicos que funcionam mal, e só
reabri-los quando forem uma maravilha. Temos que conviver com a realidade que
está aí. É indispensável transformá-la, mas não dá para exigir já, uma
corporação armada que tenha virtudes superiores às nossas.
É
a polícia, na verdade, o que a população brasileira tem hoje de mais concreto
na garantia de seus direitos. Alguém pode citar alguma força mais eficaz para
impedir que nossa casa, nosso serviço, o Congresso, o STF e o próprio Palácio
do Planalto sejam invadidos, sujeitos a saques e incendiados? A polícia está do lado do bem – gostem
ou não disso. No mundo real, é ela a principal defesa que o cidadão tem para
proteger sua integridade física, sua propriedade, sua liberdade, sua vida e o
direito de ir e vir e tudo o mais que a lei lhe assegura. O policial já erra
quando falha ao cumprir quaisquer dessas tarefas. Não faz nexo criticá-lo nas
ocasiões em que arisca sua vida e acerta, protegendo os cidadãos dos
criminosos. (Vejam o que aconteceu em Salvador, durante os dois dias de greve
da polícia, e também o que aconteceu em Recife, com a cidade sem polícia; imagine
você, na rua, no serviço ou na sua residência, sendo assaltado por marginais,
sem ter para quem apelar ou quem lhe defenda).
Não
serve a nenhum propósito dar conforto e desculpar o criminoso – o que nossa
elite pensante faz todo o tempo. Ele não vai deixar de ser seu inimigo. A lei
brasileira com todas as letras, diz que só a polícia tem o direito de portar
armas, e de utilizá-las no combate ao crime e na defesa da sociedade – salvo
nos casos excepcionais que exigem licença específica. No caso dos atos de
protestos – qual o propósito de levar para a rua, mochilas com bombas
incendiárias, estiletes, barras de ferro e outros artefatos utilizados
unicamente para machucar? Por que alguém precisaria dessas coisas para expressar
suas opiniões em praça pública?
No
Brasil as pessoas vêm se acostumando ultimamente à ideia doentia de que devem
mostrar simpatia diante da delinquência e sempre hostilidade diante da polícia.
Quem não pensa assim é visto como um ser humano das cavernas, extremista e
inimigo da democracia. Mas é o contrário: opor-se ao crime e apoiar a polícia é
ficar a favor da liberdade. Está em moda denunciar a polícia, mas essas mesmas
fontes aplaudem os rappers que pregam abertamente, em suas músicas, o assassinato
de policiais. Está na hora de deixar claro: é falso quem acredita que no Brasil
de hoje existe algum assaltante que rouba e mata porque está com fome ou tem
que sustentar sua família; o que há são indivíduos que querem satisfazer todos
os seus desejos sem ter que trabalhar ou respeitar o direito alheio, e partem
para roubar e matar, outros matam porque são espíritos inferiores que sentem
prazer em martirizar ou matar suas vítimas, e qualquer um de nós pode ser essa
vítima...
Enquanto
a sociedade lamenta por uma morte acidental de um inocente, seus companheiros
da polícia, para homenagear os 128 policiais baleados e mortes nos cinco
primeiros meses de 2014, promovem uma caminhada no Posto seis, na praia de
Copacabana, no dia 25 de maio. Pelas redes sociais, na Internet, estão os cartazes dos policiais vítimas dos
bandidos com a mensagem: “Nós não merecíamos, porém morremos assassinados”. “Queremos
mostrar para a sociedade que eles são filhos, irmãos e maridos de alguém e que
deram a vida para defender os outros cidadãos, e não merecem que os critiquem”,
afirma a cabo Flávia Louzada.
Em
Cuba, país modelo para os nossos ex-governantes, são chamados de sociopatas e
encerrados na cadeia quando não mortos, esses elementos perniciosos, sem que a
“sociedade” seja chamada a “debater” coisa alguma.
Deus
não precisou de ajuda para criar o Brasil, mas, como diria Santo Agostinho, “só poderá nos salvar se
tiver o nosso consentimento e a nossa ajuda”, e por isso, apoiemos aqueles que
pertencem as Polícias e as medidas
prometidas pelo atual presidente Jair Bolsonaro de banir o crime e os
criminosos na cadeia, cumprindo suas
penas.
Fonte:
Jornalista J.R.Guzzo
Artigo publicado na revista
“Veja”
+ Pequenos acréscimos supressões
e modificações.
Jc.
São Luís, 21/5/2014
Refeito em 8/01/2019
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