Esses
perigos no metabolismo, causam o envelhecimento celular, redução da
imunidade, aumento do risco de diabetes tipo 2, aumento de gordura no corpo,
aumento do colesterol e maior risco de câncer. No cérebro, desânimo, preguiça, letargia, aumento do
risco de depressão e demência senil; no coração, aumento do risco de doenças cardíacas e problemas circulatórios; nos
pulmões, redução da capacidade
física e pulmonar; nos ossos e articulações, são mais fracos e sujeitos a fratura e lesões, aumentando o risco de
osteoporose: nos músculos, ficam
mais atrofiados.
A
Organização Mundial da Saúde já considera o impacto do sedentarismo tão
maléfico para o organismo quanto o vício do fumo. Já ser ativo, além de evitar
problemas de saúde no corpo, colabora para a saúde mental, pois a liberação de
endorfina (o hormônio do bem-estar) que a atividade física provoca ajuda a
reduzir o estresse e a ansiedade, colaborando na redução de dores e quadros de
depressão e de demência.
A
atividade física influencia ainda na produção de outros hormônios, como o
cortisol, que ajuda a regular o sono, a pressão e processos inflamatórios do
corpo. “Pessoas sedentárias costumam ter um descompasso muito grande no
cortisol, ficam mais desanimadas, sonolentas, “lenificadas”, sem dinamismo”.
Conforme a pessoa se exercita, a liberação do cortisol a ajuda a ter ainda mais
disposição para se movimentar, explica Roberto Rached, médico fisiatra no
Hospital das Clínicas de São Paulo.
A
conta de uma existência sedentária geralmente chega quando o envelhecimento se
acentua, porém a sarcopenia – o processo de perda muscular ao longo dos anos -
comum em idosos, tem seu pico por volta
da sétima década da existência, segundo Rached. Por conta da perda muscular,
temos também perdas nos tendões, que ficam mais fracos, menos nutridos, menos
hidratados e causam mais lesões por enfraquecimento. “Estamos vendo com mais
frequência esse quadro em pacientes jovens e em pessoas que trabalham em
escritórios ou que estão sempre sentados em linha de produção. A musculatura do
pescoço também se mostra mais enfraquecida e ocorrem alterações de articulações
nos joelhos e quadris” observa ainda Rached.
O
impacto na musculação assim como na corrida e na caminhada fortalecem os ossos.
Nas pessoas que ficam sentadas ou deitadas o dia todo, eles se enfraquecem, e
com isso o risco de fratura aumentam, sobretudo na terceira e quarta idade. Há
também um aumento nos casos de osteopenia e osteoporose. Atividades físicas habituais podem até mesmo
alterar as características celulares. Um estudo liderado pela Universidade
Stanford (EUA) que analisou dados de saúde de mais de 500 mil pessoas, apontou
que tanto homens como mulheres com herança genética de doenças cardíacas, porém
com melhor condicionamento físico e capacidade aeróbica, reduziram pela metade
as suas chances de terem problemas cardiovasculares. Outra pesquisa, da
Universidade da Califórnia, mostrou que pessoas sedentárias podem ser
biologicamente dez anos mais velhas do que aquelas que se exercitam. A
explicação estaria no processo de renovação celular impulsionado pelas
atividades físicas.
“Temos
milhões de motivos para nos exercitar”, afirma Ricardo Munir Nahas, coordenador
do Centro de Medicina do Exercício e do Esporte do Hospital Nove de Julho, em
São Paulo. A inatividade física responde por mais de cinco milhões de mortes no
mundo, segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde, que já considera o
sedentarismo tão maléfico quanto o fumo. A última pesquisa sobre o tema feito
pelo Ministério do Esporte do Brasil não é animadora: 45% dos entrevistados não
praticam qualquer atividade física, mesmo sabendo dos riscos de uma existência
sedentária. Esse comportamento, aliado a uma alimentação rica em calorias que
geralmente extrapolam os limites de gordura, sal e açúcar, e ao tabagismo, é
como uma bomba-relógio. A boa notícia é que ela pode ser desarmada a qualquer
tempo – quanto antes será melhor.
Quando
surgiram na Terra, há cerca de 180 mil anos, os seres humanos precisavam
conservar as energias (calorias) para suportar períodos de alimentação mais
escassa, já que na época conseguir comida não era algo fácil. Também, nesse processo evolutivo foi
importante o melhor preparo físico, fazendo do corpo humano “uma máquina
extremamente ágil e inteligente”. É só dar um comando que ele (o corpo)
responde. E responde sempre melhorando o funcionamento e nos melhorando a
saúde.
Mas,
quando sedentário, é como se o corpo interpretasse não ter necessidade de
funcionar no melhor de suas possibilidades de desempenho, e aí ele começa a
eliminar os excessos, como músculos, células e a armazenar gordura. Na
sociedade pós-revolução industrial, exercitar-se passou a ser cada vez menos
necessário, enquanto conseguir comida ficou cada vez mais fácil e abundante, e
fomos, então, nos tornando cada vez mais inativos, o que tem trazido
consequências negativas diretas para a nossa saúde. Para romper a inércia tem
que ter uma razão positiva. Além disso, as pessoas são muito imediatistas.
Infelizmente, os cuidados com a saúde em geral têm resultados em médio prazo. E
para piorar, não é fácil ser um ativo.
A
sociedade caminha no sentido de se tornar cada vez mais comodista, e ao mesmo
tempo, já se tornaram comuns as rotinas cada vez menos pesadas, com menos horas
dedicadas ao trabalho e aos exercícios. A OMS recomenda pelo menos 150 minutos
de práticas físicas por semana, ou seja, 30 minutos por dia ou de três a quatro
vezes na semana. “Tem que entrar na nossa agenda diária, como alimentar-se,
dormir, tomar banho, ou seja, tornar-se um hábito” informa Timóteo Araújo, do
Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul. “Não
tem desculpa para não fazer, e não é para virar um super-herói ou um atleta de
ponta, mas, se mexer o suficiente para não levar uma existência sedentária”.
Atividade física significa atividade moderada com o corpo em movimento que
gaste energia como caminhar, correr, dançar ou praticar algum esporte com
atividades que exigem esforço muscular. . .
Fonte:
Revista “Planeta”-
edição 541/2018
+ Pequenas modificações.
Jc.
São Luís, 20/6/2018
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