segunda-feira, 10 de setembro de 2018

OS PERIGOS DE FICAR PARADO





 
Esses perigos no metabolismo, causam o envelhecimento celular, redução da imunidade, aumento do risco de diabetes tipo 2, aumento de gordura no corpo, aumento do colesterol e maior risco de câncer. No cérebro, desânimo, preguiça, letargia, aumento do risco de depressão e demência senil; no coração, aumento do risco de doenças cardíacas e problemas circulatórios; nos pulmões, redução da capacidade física e pulmonar; nos ossos e articulações, são mais fracos e sujeitos a fratura e lesões, aumentando o risco de osteoporose: nos músculos, ficam mais atrofiados.
A Organização Mundial da Saúde já considera o impacto do sedentarismo tão maléfico para o organismo quanto o vício do fumo. Já ser ativo, além de evitar problemas de saúde no corpo, colabora para a saúde mental, pois a liberação de endorfina (o hormônio do bem-estar) que a atividade física provoca ajuda a reduzir o estresse e a ansiedade, colaborando na redução de dores e quadros de depressão e de demência.
A atividade física influencia ainda na produção de outros hormônios, como o cortisol, que ajuda a regular o sono, a pressão e processos inflamatórios do corpo. “Pessoas sedentárias costumam ter um descompasso muito grande no cortisol, ficam mais desanimadas, sonolentas, “lenificadas”, sem dinamismo”. Conforme a pessoa se exercita, a liberação do cortisol a ajuda a ter ainda mais disposição para se movimentar, explica Roberto Rached, médico fisiatra no Hospital das Clínicas de São Paulo.
A conta de uma existência sedentária geralmente chega quando o envelhecimento se acentua, porém a sarcopenia – o processo de perda muscular ao longo dos anos - comum em idosos,  tem seu pico por volta da sétima década da existência, segundo Rached. Por conta da perda muscular, temos também perdas nos tendões, que ficam mais fracos, menos nutridos, menos hidratados e causam mais lesões por enfraquecimento. “Estamos vendo com mais frequência esse quadro em pacientes jovens e em pessoas que trabalham em escritórios ou que estão sempre sentados em linha de produção. A musculatura do pescoço também se mostra mais enfraquecida e ocorrem alterações de articulações nos joelhos e quadris” observa ainda Rached.
O impacto na musculação assim como na corrida e na caminhada fortalecem os ossos. Nas pessoas que ficam sentadas ou deitadas o dia todo, eles se enfraquecem, e com isso o risco de fratura aumentam, sobretudo na terceira e quarta idade. Há também um aumento nos casos de osteopenia e osteoporose.  Atividades físicas habituais podem até mesmo alterar as características celulares. Um estudo liderado pela Universidade Stanford (EUA) que analisou dados de saúde de mais de 500 mil pessoas, apontou que tanto homens como mulheres com herança genética de doenças cardíacas, porém com melhor condicionamento físico e capacidade aeróbica, reduziram pela metade as suas chances de terem problemas cardiovasculares. Outra pesquisa, da Universidade da Califórnia, mostrou que pessoas sedentárias podem ser biologicamente dez anos mais velhas do que aquelas que se exercitam. A explicação estaria no processo de renovação celular impulsionado pelas atividades físicas.
“Temos milhões de motivos para nos exercitar”, afirma Ricardo Munir Nahas, coordenador do Centro de Medicina do Exercício e do Esporte do Hospital Nove de Julho, em São Paulo. A inatividade física responde por mais de cinco milhões de mortes no mundo, segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde, que já considera o sedentarismo tão maléfico quanto o fumo. A última pesquisa sobre o tema feito pelo Ministério do Esporte do Brasil não é animadora: 45% dos entrevistados não praticam qualquer atividade física, mesmo sabendo dos riscos de uma existência sedentária. Esse comportamento, aliado a uma alimentação rica em calorias que geralmente extrapolam os limites de gordura, sal e açúcar, e ao tabagismo, é como uma bomba-relógio. A boa notícia é que ela pode ser desarmada a qualquer tempo – quanto antes será melhor.
Quando surgiram na Terra, há cerca de 180 mil anos, os seres humanos precisavam conservar as energias (calorias) para suportar períodos de alimentação mais escassa, já que na época conseguir comida não era algo fácil.  Também, nesse processo evolutivo foi importante o melhor preparo físico, fazendo do corpo humano “uma máquina extremamente ágil e inteligente”. É só dar um comando que ele (o corpo) responde. E responde sempre melhorando o funcionamento e nos melhorando a saúde.
Mas, quando sedentário, é como se o corpo interpretasse não ter necessidade de funcionar no melhor de suas possibilidades de desempenho, e aí ele começa a eliminar os excessos, como músculos, células e a armazenar gordura. Na sociedade pós-revolução industrial, exercitar-se passou a ser cada vez menos necessário, enquanto conseguir comida ficou cada vez mais fácil e abundante, e fomos, então, nos tornando cada vez mais inativos, o que tem trazido consequências negativas diretas para a nossa saúde. Para romper a inércia tem que ter uma razão positiva. Além disso, as pessoas são muito imediatistas. Infelizmente, os cuidados com a saúde em geral têm resultados em médio prazo. E para piorar, não é fácil ser um ativo.
A sociedade caminha no sentido de se tornar cada vez mais comodista, e ao mesmo tempo, já se tornaram comuns as rotinas cada vez menos pesadas, com menos horas dedicadas ao trabalho e aos exercícios. A OMS recomenda pelo menos 150 minutos de práticas físicas por semana, ou seja, 30 minutos por dia ou de três a quatro vezes na semana. “Tem que entrar na nossa agenda diária, como alimentar-se, dormir, tomar banho, ou seja, tornar-se um hábito” informa Timóteo Araújo, do Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul. “Não tem desculpa para não fazer, e não é para virar um super-herói ou um atleta de ponta, mas, se mexer o suficiente para não levar uma existência sedentária”. Atividade física significa atividade moderada com o corpo em movimento que gaste energia como caminhar, correr, dançar ou praticar algum esporte com atividades que exigem esforço muscular. . .

Fonte:
Revista “Planeta”- edição 541/2018
+ Pequenas modificações.

Jc.
São Luís, 20/6/2018

Nenhum comentário: