Jesus nos disse: “Vós
sois a luz do mundo. Assim, resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que
eles vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus” (Mateus cap.5 vs. 14 a 16.) Ao recomendar aos
seus apóstolos: “Brilhe a vossa luz”, Jesus estava encorajando-os a ir a campo
e anunciar ao povo a Boa Nova. Esse é um trabalho árduo, que exige de cada um
muita coragem, determinação e boa vontade.
Em tempos remotos,
usava-se para iluminação o azeite recolhido em recipientes desengonçados aos
quais se dava o nome de lamparina ou candeeiro. A luz que deles se irradiava
era fumegante, baça e fétida, impregnando a atmosfera de fumo e de odor
nauseabundo. Mais tarde, passou-se a empregar para o mesmo fim o petróleo na
forma de querosene. Os lampiões, que vieram a substituir os candeeiros,
possuíam melhoramentos apreciáveis, como a graduação da chama, para mais ou
menos claridade. Descobriu-se depois no correr dos tempos, o processo de
extrair do carvão de pedra, o carbureto de hidrogênio, empregado na iluminação
tanto pública como particular. O gás então substituiu o petróleo das cidades e
das residências. Mais ainda não era tudo. A ciência continuou marchando na
conquista do melhor. Aparece, finalmente, a eletricidade destronando o gás,
apresentando vantagens indiscutíveis: é clara, é límpida, é inodora, é inócua.
A eletricidade hoje é o Sol das nossas noites.
Ora, se em matéria de
luz artificial se verificou um progresso contínuo, sucedendo-se os sistemas
numa ascensão para melhor, não há de suceder o mesmo no que diz respeito à luz
espiritual? Iluminar o interior das pessoas não será, acaso, um problema mais
sério e mais importante que iluminar o exterior? Eliminar as trevas do cérebro
e do coração não será trabalho mais valioso que afastar as trevas que nos
envolve por fora? A alvorada da mente iluminada, esclarecida e liberta da
escuridão não é mais necessária e algo mais belo e empolgante do que a alvorada
que anuncia um novo dia que desponta? O sol interior que, ilumina, aquece e
vivifica as almas, não será mais majestoso, que o sol que ilumina, aquece e
vivifica o corpo? Como então descurar da conquista do melhor, no gênero de luz
espiritual, se tudo foi feito para alcançar o melhor no gênero de luz material?
Se, deixamos o azeite, o
petróleo e o gás pela
eletricidade,
por quê então não
fazer o mesmo com relação aos velhos e carcomidos dogmas que herdamos dos
nossos antepassados? Se nos despegamos dos candeeiros sem que saudades nos
deixassem, por que não nos desprendemos também das superstições, dos falsos
credos e da falsa fé? Se o problema da iluminação exterior mereceu da parte do
ser humano tanto esforço de inteligência e de raciocínio como então desprezar o
problema da iluminação interior? Se, tratamos de nos precaver contras as
sombras da noite, antes que elas nos envolvam, por que nos deixarmos ficar às
escuras, mergulhados nas trevas densas da noite moral? E que a noite imoral
cobre a Terra, como negro manto, quem o contesta? Que a Humanidade tateia na
tenebrosa escuridão da ignorância, do vício e do crime, quem ousará negá-lo?
Por que fazer tudo
pela luz que perece, e nada, ou quase nada,
pela luz que permanece? Voltemos, portanto, nossas atenções para a luz
espiritual. Busquemo-la com o interesse
de quem tem fome e sede de luz, de verdade e de justiça, e seremos saciados. Desvencilhemo-nos
dos dogmas arcaicos, dos preconceitos, das crendices, das atitudes dúbias e
hipócritas, das várias mentiras convencionais, e procuremos obter uma luz cada
vez mais intensa, cada vez mais bela,
cada vez mais brilhante, para iluminar os recônditos do nosso “eu”, como
recomendou Jesus, ao nos dizer: “Brilhe
a vossa luz”...
Os
espíritos conscientes da vida, em suas múltiplas dimensões, compreendem que
todos nós retornamos a este planeta com uma missão, ainda que nos pareça
pequenina e insignificante. Muitas delas são missões comuns, do tipo – ser pai,
mãe, gari, operário, lavrador, professor, pesquisador, médico, etc.;
entretanto, todas elas têm seu valor na soma do progresso que nos cabe
realizar. Há muitos religiosos que sabem o que é reencarnação, mas, por orgulho
a repudiam; sabem que os espíritos se comunicam com os seres humanos, mas
preferem negar o fenômeno. Por que esse comportamento? – Porque a reencarnação
é uma lei que a todos nos iguala o que, para os orgulhosos e vaidosos, é uma
condição que não lhes agrada.
Os
palestrantes não devem se calar, porque um dia não estiveram inspirados ao
expor o que prepararam com esmero. O médium não deve paralisar sua atividade,
porque um dia falhou. Tais ocorrências são dificuldades da prática mediúnica, a
que todos estão sujeitos. Na tarefa da mediunidade, importa o serviço; entre a
lâmpada apagada e as trevas não há diferença nem luz. A todo instante somos
testados na nossa humildade e no nosso desejo de servir. Divulgar os ensinos
doutrinários é caridade sob a forma de mais luz no coração das pessoas. O
dirigente da Casa Espírita não pode reclamar do cargo, simplesmente porque o
trabalho é exaustivo, exigindo dele ou dela mais abnegação. Deve seguir em
frente, sabendo que a Casa Espírita é um farol que orienta, ilumina e consola
as almas em aflição, restaurando-lhes a fé, a esperança e a alegria de viver.
Só este motivo é suficiente para que trabalhemos com mais dedicação.
Em
“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. 20 item 5, o Espírito de Verdade nos informa dizendo: “Ditosos serão os seres
humanos que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem
outro motivo, senão a caridade”. Trabalhar, portanto, em favor dos
necessitados, sem qualquer recompensa, é um ato de grandeza e de evolução
espiritual. Confiados nas palavras de Jesus, quando disse: “Vós sois a luz do
mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende
uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a
todos os que se encontram na casa. Assim também brilhe a vossa luz diante dos
homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está
nos Céus”, devemos cumprir com nossos deveres, espalhando os ensinamentos do
Mestre, a todos os que deles estão necessitados.
Fonte
Evangelho de Jesus
+
Pequenas modificações
Jc.
S.Luis,
14/07/2008
Refeito
em 22/9/2017
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