Mudar os seres humanos ou a sociedade não é tarefa fácil, mas mudar a forma como tratamos as pessoas a nossa volta, principalmente os idosos, é algo que está inteiramente ao nosso alcance. A propósito do assunto, a Drª Roberta da Silva, médica especialista em Geriatria, explica que na cultural oriental o idoso é reconhecido na família pela sabedoria natural da idade e, por isso, merecedor de profundo respeito.
Assim,
conselhos são solicitados a ele, que possui não apenas uma soma de anos de
vivência, mas também pelos valores e a experiência adquirida que guiam os mais
jovens nos desafios e nos caminhos que a existência proporciona. Parecem-lhes
simples dessa forma, auxiliados pelos mais velhos, conhecer de antemão o
caminho que deverá ser percorrido. E o mais importante: São-lhes gratos. E nós, o que aprendemos com os nossos idosos?
Ao menos os respeitamos como merecem?
A
drª Roberta acredita que não, uma vez que a nossa sociedade, a julgar por tudo
aquilo que podemos observar, tem outro olhar diante da terceira e quarta idade:
os idosos muitas das vezes acabam ocupando um “status” de improdutivos. Não
trabalham mais, como se o mercado de trabalho lhes oferecesse chances dignas
para produzir. Quantas vezes já ouvimos: “O vovô está caducando” ou “no seu
tempo era diferente, isto já era”.
O
conflito de gerações nos lares, mudanças de hábitos, de atitudes, de
tecnologias, não podem existir em detrimento do respeito, dos bons costumes e
dos sentimentos. Na década de 1940, os idosos representavam somente 0,7% da população brasileira, e hoje esse
contingente representa 2,5%. Segundo o
IBGE. No ano de 2025, eles chegarão a 34 milhões, colocando o Brasil em 6º
lugar no mundo em população idosa. Se conclui
que, fazem-se necessárias as devidas
providências para o atendimento dessa parte bastante expressiva da sociedade, e
nesse contexto a família tem um papel muito importante.
A
questão do envelhecimento da população é urgente, pois no Brasil as pessoas com
60 anos ou mais, somavam em 2013 o equivalente a 13% (21 milhões) da população
senso do IBGE. O desafio, neste
cenário, é construir um mundo melhor e valorizar o idoso, em toda a sua
existência, trazendo uma situação melhor, numa sociedade que supervaloriza o
jovem, o consumo e as relações superficiais. Sem lugar num mundo aonde a
expectativa de vida vem aumentando, é preciso mudar em nossa cultura, onde só o
novo tem vez e tem valor, criando oportunidades para que também as pessoas
idosas continuem produzindo. Essa experiência não pode ser descartada em
qualquer sociedade, em qualquer empresa ou em qualquer tempo e lugar, pois eles
são os mais aptos.
Pesquisa
inédita divulgada durante o 4º Fórum da Longevidade revela que os idosos se
sentem desrespeitados e ás vezes esquecidos pelos familiares, mesmo assim, 80%
dos idosos são os responsáveis pelo sustento da casa onde vivem. Os idosos
sofrem o preconceito e a discriminação na sociedade brasileira atual, e por
muitas vezes descaradamente ao serem tratados de maneira humilhante como: “Ele é velho.” Outras vezes ouve-se frases
como: “Não liga, ele é velho”, “Coitado está velho” e ainda: “Isso é coisa de
velho”. Há um apelo social tão grande para ser jovem que envelhecer parece algo
muito indesejável e ofensivo.
Uma
nova visão do idoso se faz necessária, não só pelo aumento da população, mas
também por que todos aqueles que hoje não são idosos, se permanecerem no mundo,
no futuro serão. Infelizmente vivemos hoje numa sociedade que prega a “eterna
juventude” e tudo o que não é associado a esta ideia assume um caráter social
negativo. Se você for uma pessoa idosa como eu (87 anos), orgulhe-se de ser
idoso e agradeça a dádiva de ter chegado a essa idade, situação que muitas
outras pessoas não terão oportunidade de chegar.
Eis
uma boa orientação: Não dê muita importância à idade do seu corpo físico:
sinta-se sempre jovem e bem disposto espiritualmente. O Espírito não tem idade.
Mesmo que o corpo assinale os sintomas da sua idade física, mantenha-se bem
disposto, porque isto depende de sua mentalização positiva. Faça que a
juventude do seu Espírito se irradie pelo seu corpo, tenha ele a idade que
tiver, para seu próprio bem.
Finalizando,
acompanhemos um diálogo de Simão e Jesus.
Simão,
mais tarde conhecido como o “Zelote”, mais velho que os demais discípulos,
acompanhando as conversações dos outros, sentia-se humilhado, pois era mais
forte o declínio das suas forças, embora seu espírito se conservasse firme no
ritmo da vida. Deixando-se impressionar muito com essa situação, procurou o
Mestre, expondo seus receios e Jesus o ouviu sem surpresa, e em resposta lhe
disse: “ Simão, poderíamos acaso
perguntar a idade do mundo ou de nosso Pai? E se fôssemos contar o tempo, quem
seria o mais velho de todos nós? A vida do homem na Terra é como uma árvore
grandiosa. A infância é a ramagem verdejante; a mocidade são as flores
perfumadas; a velhice é o fruto da experiência e da sabedoria. Há ramagem que
morre depois de receber a luz do Sol, e flores que caem ao primeiro sopro da
Primavera. O fruto, porém, é sempre uma bênção de Deus. A ramagem é uma
esperança; a flor é uma promessa; o fruto é a realização. Só ele contém o doce
mistério da vida!...”
O
discípulo voltou a lhe dizer: “Mestre, a verdade é que estou envelhecido,
temendo não resistir aos esforços a que estou sujeito na semeadura da vossa
doutrina.” Jesus então lhe
respondeu: “Simão, achas que os moços
poderão fazer alguma coisa sem os trabalhos realizados pelos que estão
envelhecendo?! Os jovens são crianças
que pedem cuidados; iguais a abelhas que ainda não sabem fazer o mel.
Perdoa-lhes o entusiasmo ainda sem rumo e esclarece-os, e não penses que outro
homem, no conjunto da obra divina, poderia fazer o esforço que te compete...
Vai, e tem bom ânimo!...”
E
Simão se despediu do mestre amado muito feliz e animado.
Fontes:
Jornal “O Imortal” – 10/2017
Livro “A Boa Nova”
+ Pequenas modificações
Jc.
ortsac1331@gmail.com
São Luís, 19/10/2017
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