Recordemos duas sentenças acerca das crianças, proferidas pelo Mestre Amado Jesus: “Deixai vir a mim os pequeninos; não os impeçais, porque deles é o reino dos céus”. “Em verdade vos digo, que, se não vos fizerdes como as crianças, não entrareis no reino dos céus”.
A
primeira destas duas assertivas não exprime somente uma expressão carinhosa, um
gesto afetuoso, muito próprio do caráter e da personalidade do Divino Mestre;
encerra também sabedoria das condições em que as crianças se encontram ao
entrarem no seio da Humanidade, e, ao mesmo tempo, recorda e põe em destaque os
compromissos daqueles que as recebem, notadamente os pais e preceptores. A
criança não é uma entidade recém-criada: é, apenas, recém-nascida, fenômeno
este que se consuma em cada uma das vezes em que o Espírito imortal se serve da
indumentária carnal, quando está no plano terreno por tempo incerto, que pode
ser mais ou menos dilatado.
Portanto,
encaminhar as crianças a Jesus, importa em educá-las segundo os seus preceitos.
Ora, o que é educar, no legítimo sentido da expressão, senão orientar o
Espírito na aquisição parcial, porém progressiva dos valores morais e da verdade?
Após o – deixai vir a mim os pequeninos – ele acrescentou: Não as impeçais.
Deixar de proporcionar à infância essa oportunidade é contribuir para o seu
extravio, quando está em nossas possibilidades conduzi-la ao progresso e àquele
que é o Caminho, a Verdade e a Vida.
Prosseguindo,
consideremos a terceira parte da sentença: -- porque delas (crianças) é o reino
dos céus. A velha crença ensina que o reino dos céus lhes pertence porque elas
são inocentes, e, assim, desencarnando nessa condição, vão diretamente para o
reino dos céus. Semelhante interpretação, porém, não procede e não resiste
mesmo ao mais ligeiro sopro de raciocínio. Senão vejamos: Onde o mérito da criança para obter o céu?
Que fez ela digna de tamanha recompensa, considerando, sobretudo, o conceito
desta outra frase que foi proclamada por Jesus?!: -- “A cada um será dado
segundo as suas obras”.
Se
não é lícito imputar culpa às crianças, também, de igual modo, não lhes podemos
conceder merecimentos. A prevalecer aquele postulado, que a criança desencarnada vai para o céu; a melhor ventura que
poderia lhe suceder seria, por certo, a morte. Em tal hipótese, deveriam desaparecer a
Puericultura e a Pediatria como ciências heréticas, e levantar-se um monumento
a Herodes I, o tetrarca da Galileia, porque tendo decretado a degola de
milhares de crianças nascidas em Belém e suas cercanias, enviou ao reino dos
céus, grande número de almas sem pecado. Tampouco teria fundamento os protestos
de nossa imprensa chamando a atenção das autoridades para o grande número de
crianças que morrem em nossa sociedade; antes, fariam jus, essas autoridades, a
louvores, por estarem proporcionando a essas levas sucessivas de inocentes o
caminho dos céus eternos.
Semelhante
erronia procede do desconhecimento da verdade a respeito da criança e das leis
que regem e regulam a marcha evolutiva dos seres humanos. Sendo a criança que
nasce um Espírito que reencarna, a sua inocência resulta da ignorância do mal
no decurso dos primeiros sete anos de cada existência. E mais ainda, porque o
novo corpo, em desenvolvimento, obscurece a mente, constrangendo o Espírito nos
limites acanhados do corpo, determinando um recomeço. A criança nessa fase
ignora os preconceitos de raça, nacionalidade, classe, credos e posição social.
Elas são propensas a se confraternizarem, e se por vezes, se hostilizam, não
guardam ressentimentos, pois jamais o sol se põe sem que elas se hajam
reconciliado. Às contendas da manhã, sucedem as fraternas reconciliações da
tarde. Conforme verificamos, elas não guardam animosidade, como também ao modo
como encaram as utilidades da existência, as crianças dão lições de harmonia
aos adultos, justificando estes dizeres do Divino Educador: “Se não vos
fizerdes como as crianças não entrareis no reino de Deus”.
Assim,
é preciso, pois, mediante essas reiniciações verificadas através das sucessivas
e necessárias existências, é que a alma imortal vai adquirindo evolução. Cada
nova existência na Terra é uma oportunidade, sendo que os sete anos iniciais
são os mais adequados e propícios ao lançamento das bases educativas. É após
esse período que o Espírito integra o seu aprisionamento ao corpo, sendo,
portanto, a fase anterior mais adequada às iniciativas renovadoras.
Cada
nova existência importa, pois, no retorno da alma ao ciclo de aprendizagem e de
experiências renovadoras. Desprezar tais oportunidades, deixando de orientar, esclarecer
e conduzir as crianças, é um crime de lesa-humanidade cometido pelos pais ou
responsáveis. A melhoria da Humanidade está na razão direta da nova orientação
que as mães de hoje possam dar aos seus filhos. E toda mulher é sempre mãe,
seja qual for a sua idade e o seu estado civil. É das mulheres que nascem as
auroras de novos dias de esperança e fé. . .
Pensemos,
portanto, no problema da Educação, dando escola às nossas crianças, pois do
contrário estaremos falhando lamentavelmente ao cumprimento do mais imperioso
dever que nos cabe e desprezando estas luminosas sentenças de Jesus: “A quem
muito foi dado, muito será cobrado” e “Se não vos fizerdes como as crianças não
entrareis no reino de Deus”.
Fonte:
Livro “O Mestre na
Educação”
Autor: Pedro Camargo (Vinicius)
+ Pequenas
modificações.
Jc.
São Luís, 6/9/2016
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