O escândalo obsceno de Passadena-USA. repleto de digitais de Dilma, confirmado por Nestor Serveró, não mereceu o devido inquérito e continua esquecido.
O ex-ministro Paulo Bernardo
foi preso. Ele ocupou as Pastas do Planejamento
e das Comunicações, nos governos de Lula e Dilma. Um ministro importante
– ou, mais que isso, um dos lideres da hegemonia petista no Planalto. É acusado
de roubar R$-100 milhões de servidores públicos – destinando a maior parte do
roubo para o caixa do Partido dos Trabalhadores, sem esquecer-se de reservar seu pixuleco particular. Mas, Paulo Bernardo foi solto pelo STF, em
decisão providencial do companheiro Dias Toffoli.
Veio também do Supremo Tribunal Federal outro
decisão de muita importância para a
preservação da saúde da quadrilha. Em ato do companheiro Teori Zavascki, o
processo contra Lula por tentativa de comprar o silêncio de Nestor S erveró, foi parar longe de Sérgio Moro. O
argumento do ministro companheiro para mandar a operação cala boca para a
Justiça Federal de Brasília é impagável: o suposto delito de Lula, denunciado
pelo senador cassado Delcídio do Amaral, não está no âmbito das investigações
da Lava Jato.
Perfeito: o ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró foi
condenado no escândalo do petróleo, investigado pela Operação Lava Jato, mas a
tentativa de um ex-presidente da República (Lula) de impedir que o condenado
contasse tudo o que sabia sobre o escândalo investigado pela Lava Jato, não tem
nada a ver com a investigação conduzida pela Operação Lava Jato. Claro como
petróleo roubado.
Surge então o companheiro
procurador Rodrigo Janot, autor de vistosas coreografias para bagunçar o
processo de impeachment, e recomenda que José Dirceu tenha sua pena pelos
crimes do mensalão perdoada. Outra
decisão cristalina. Ela ocorre no exato momento em que o juiz Sergio Moro, “esse
golpista”, aceita nova denúncia contra o ex-ministro de Lula e o torna réu pela
segunda vez na Operação Lava Jato. Como se vê, a floresta de implicações de Dirceu
no assalto ao Estado brasileiro perpetrado pelo PT não enseja outra providência
senão o perdão. E a quem caberá, no STF, a decisão final sobre o perdão ao
guerreiro do povo brasileiro? Ao companheiro Luís Roberto Barroso – isso,
aquele mesmo. Façam suas apostas.
Outra dobradinha da
Procuradoria-Geral com o Supremo que tem feito história no refresco à quadrilha
“do bem” é a Janot-Teori. Funcionou melhor que a zaga do Barcelona, rebatendo a
saraivada de denúncias contra a companheira afastada Dilma Rousseff. Nem o
escândalo obsceno de Passadena, repleto de digitais da companheira, mereceu o
devido inquérito – sempre sob as escusas
de não haver indícios suficientes contra ela, embrulhadas no sofisma de que
presidente no exercício do mandato não pode ser investigado. Mais uma
falsidade, naturalmente. Presidente não
pode ser réu, mas o delito no qual supostamente se envolveu pode e deve ser
investigado. Menos na democracia companheira -
onde as instituições são muito sensíveis aos corações valentes.
Aí aparece uma perícia no
Senado decretando que a senhora Rousseff não pedalou. Como o Brasil é uma mãe, a opinião
pública é uma geleia e as instituições
são uma sopa, a barbaridade se dissemina com solene indignação. Não adianta
informar ao jardim de infância que a perícia contratada pelos ciclistas operou
apenas mais uma malandragem - alegando que não há ato direto da senhora
Rousseff nas pedaladas. Claro que não há.
O ato da ex-mandatária foi justamente uma omissão – não pagar os débitos
do Tesouro com o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e o BNDES, forçando os
bancos públicos a emprestar a seu controlador, o que é proibido pela lei
fiscal.
A tal perícia deixou só um
crimezinho pendurado no processo de impeachment, reconhecendo que os decretos
de crédito suplementar não foram autorizados pelo Congresso Nacional. No país
da geleia geral, onde as convicções são formadas com a meticulosidade de um
churrasco em Atibaia, vai emergindo a versão de que os ladrões não eram tão
maus assim – e no fundo são até simpáticos. Aí, Dilma lança sua vaquinha para
percorrer o Brasil contra o golpe. E você achava que sabia o que era uma
ópera-bufa. Libertem Paulo Bernardo. Prendam os milhares de servidores públicos
ludibriados no escândalo do crédito consignado. Tragam Dilma de volta. Deem
mais uma chance à elite vermelha – pois ela ainda não tinha terminado de raspar
o tacho.
OBS.
Este artigo, de autoria do jornalista Guilherme Fiuza, foi extraído da revista
Época, do dia 4 de julho de 2016.
Jc.
São
Luís, 10/7/2016
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