Quanto mais tratamos do assunto família, mais importante se torna que nos conscientizemos da responsabilidade da paternidade e da maternidade, para a evolução da espécie humana. Essa é a missão que aceitamos antes de reencarnar, para a qual nos preparamos com “cursos” no plano espiritual, alertando-nos sobre nossa responsabilidade. Recordemos que é nosso compromisso perante Deus, que nos confia outros filhos Seus para que os amparemos e os esclareçamos em sua jornada de aprendizagem e progresso. Assim, somos co-criadores junto ao Pai Celestial. Por isso “os deveres dos pais com relação aos filhos estão gravados na consciência”.
Dois seres se unem. Ligados pela afeição,
formando o lar, garantindo os alicerces da família e da civilização. Através do
casal estabelecido, funciona o princípio da reencarnação, consoante as Leis
Divinas, possibilitando o trabalho executivo dos mais elevados programas de
ação no Mundo Espiritual. Os benfeitores espirituais nos relatam constantemente
que os filhos, necessitando “nascer” em nova existência no corpo físico e estão
sempre cooperando de modo decisivo na aproximação dos futuros pais.
O espírito que aí vem nessa nova oportunidade
de aprendizado e evolução, na condição de recém-nascido, ele é antigo, portanto
já existia antes do momento da concepção, trazendo, portanto, uma herança
psicológica de suas outras encarnações (existências), ou seja, sua própria
personalidade, com aptidões e tendências, valores e dívidas adquiridas
anteriormente. Daí que, renascendo numa mesma família, todos os filhos são
diferentes “como os dedos da mão”; ligados entre si têm eles estágios
evolutivos distintos e diferentes, com experiências diversas, que geram
comportamentos desiguais...
Tomemos como exemplo, o desenvolver de uma
criança chamada Lucius, hoje com 6 anos. Desde a mais tenra idade, ao começar a
caminhar, tinha ele uma grande agitação. A mãe não conseguia mantê-lo quieto.
Quando começou a ir para a escola, aos 3 anos, tinha a mãe muitas dificuldades
com ele, devida à inquietude. Observava nele uma inteligência muito grande,
falando corretamente, o que era difícil ver em outras crianças da idade dele ou
mais velhas. O mais comum infelizmente são crianças que freqüentam as escolas
públicas, falando “nós vai, nós foi”, e atualmente imitando os pais, trocarem o
“nós” por “agente vai, agente foi”, etc. O Lucius não, ele falava num português
que encantava. Outra virtude dele era o afeto; muito carinhoso e sempre a pedir
desculpas por alguma traquinagem, nos abraçando e nos beijando como para
corrigir o fato e nos pedir desculpas.
Começando o “pré-escolar”, com menos de 4
anos, a mãe foi chamada à escola por diversas vezes, porque as professoras
queriam que o menino fosse levado para a neuropediatra. A professora disse para
a mãe do Lucius, que não conseguia manter ele calmo, porque ele terminava a
tarefa antes que os outros e aí ficava perturbando a aula. Isso demonstrava a evolução
da criança e a professora queria tolhê-lo!
Que despreparo da professora! A
mãe respondeu para ela que, em vez de remédios, ela deveria aumentar a
quantidade de atividades dele, já que ele acabava primeiro que os outros. Foi
agindo assim que a professora pode resolver o problema. Sem desmerecer ninguém,
a escolinha queria “tranquilizar” o aluno com remédio calmante.
Para melhorá-lo, a mãe passou a conversar com
o filho durante o sono dele, falando-lhe baixinho e dizendo-lhe que ele
precisava ficar mais tranquilo e mais calmo. Com essa atitude a mãe foi sendo
vitoriosa, insistindo na disciplina e na educação dos seus instintos e
dizendo-lhe que o amava muito. Hoje, com 9 anos, ele cuida do irmãozinho com
tanto zelo que até parece o pai do bebê. O Heitor quando acorda já procura com
os olhos o Lucius e fica muito feliz quando ouve a voz do irmão. Ao vermos o carinho
e os cuidados do Lucius com o irmão, nós lhe dissemos: “Você cuida muito bem do
seu irmãozinho”, e ele respondeu: “Cuido com amor e dou a minha vida por ele,
se precisar”.
Essa é a dura realidade, atualmente. Mães
chegando com os filhos, crianças de 3, 4 e 5 anos, aos consultórios médicos,
dizendo que elas são agitadas, querendo que sejam tratadas com “calmantes” que
a escola recomenda, porque eles não aguentam, devido às crianças não ficarem
quietas. O que está faltando não são remédios, mas paciência, educação, amor e
limites. . . Os psicólogos que analisam as crianças declaram que a maioria dos
casos é apenas falta de disciplina, de limites, de amor. Problemas existem na
família e na escola e não com as crianças.
Outro menino foi levado pela avó ao médico,
pedindo que este desse um remédio para o menino que não parava sossegado; um
menino de apenas 4 anos. O que estava acontecendo por trás desse problema? – O
médico apurou, após conversar com a avó, que o pai o abandonou, a mãe é
ausente, por trabalhar fora e, quando tem um tempo livre, sai com as amigas e
não dá atenção e afeto para o menino, ficando este por conta da avó. Existem
motivos para o menino estar agitado e a avó na ausência e na irresponsabilidade
da mãe, apela para o remédio, que é mais cômodo do que agir educando. Há
necessidade de disciplina, de exemplos, de educação e de carinho e amor.
O monge Agostinho, no “Evangelho Segundo o
Espiritismo” nos recomenda: “Os vossos cuidados e a educação que lhes derdes,
ajudarão no seu aperfeiçoamento e no seu bem-estar futuro. Lembrai-vos de que a
cada pai e a cada mãe, Deus perguntará:
“Que fizestes do filho confiado à vossa guarda?” – É nosso dever amar muito as nossas crianças e
educá-las desde o berço, como nos é recomendado e muitos males serão evitados.
Eduquemo-las para termos uma geração futura melhor, com afetividade, caráter
nobre, honra e fraternidade. Não devemos confundir educação com instrução; educação é transmitida pela família desde o
nascimento, e é possível até em quem não tem instrução. Já
a instrução adquirida
nas escolas, sem
a educação e
sem os sentimentos
de fraternidade e amor pode gerar mentes destruidoras.
Os espíritos que estão reencarnando na Terra,
atualmente, na sua grande maioria são muito inteligentes, porém, muitos estão
necessitados de aprender os sentimentos de humildade e amor, para vencerem o
orgulho do conhecimento. Amor e educação são os medicamentos necessários para
todos, em vez dos remédios que muitos pais usam sem necessidades. . .
Há filhos “companheiros”, afinados com seus
pais, que encarnaram juntos visando crescerem em mútua cooperação, e há filhos
“credores”, com os quais os pais têm que transformar e anular as dívidas do
passado, mediante o trabalho de educação com amor. O lar é a valiosa e viva
escola da alma. Reconduzido aos pais através do berço, o espírito vem humilde,
pequenino, frágil, para aprender com eles, desde o período da gestação, pois
está comprovado cientificamente que o feto já percebe sons, a palavra de paz, o
gesto de carinho, do bem e do amor. Ao nascer ele vê nos pais as primeiras
imagens da vida... Às vezes, mesmo sendo credores dos pais, não cobram as
dívidas, graças ao esquecimento do passado e os desvelos dos genitores que o
amparam no colo e nas mãos, para aprenderem os primeiros passos.
Nós, espíritas, já sabemos que o espírito,
após seu nascimento no corpo físico, se encontra numa espécie de “dormência”,
ligado muito mais ao mundo espiritual, até atingir os sete anos, quando se
completa o processo reencarnatório. Por
conseguinte, nessa fase ele é muito sensível a influências, o que acontece
ainda em menor intensidade até parte da adolescência. Daí o dever dos pais de
serem educadores integrais, conduzindo seus filhos ao caminho da retidão, da
ética cristã da fraternidade para com seus semelhantes, isto é, incutir-lhe
bons sentimentos, aliados à noção de que são responsáveis por seus atos...
Respeitando a individualidade de cada filho, corrigir-lhe os caprichos e as
tendências inferiores, iluminando-lhe a estrada da existência através do
esclarecimento lúcido e, principalmente, através dos exemplos edificantes.
Nessa educação verdadeira, saber manter o equilíbrio, sem o exagero da
disciplina nem da tolerância.
Nessa missão nenhum pai ou mãe pode alegar a
impossibilidade de cumprir sua obrigação por falta de tempo. Como exemplo,
lembramos o caso de um pai que, por trabalhar longe, saía de madrugada e só
retornava tarde da noite para casa, só tendo possibilidade de estar com o
filho, quando da sua folga de fim de semana. Normalmente, essa ausência poderia
causar um baixo rendimento escolar no menino, entretanto, ao contrário, suas
notas eram excelentes, o que levou a professora da escola a chamar o pai e com
ele conversar. Ele então lhe relatou que
combinara com o filho que, toda noite ao chegar a casa, beijava o filho
adormecido e dava um nó na ponta do lençol; assim, quando o filho despertava,
sabia que o pai estivera junto dele, acariciando-o. Sem dúvida que esse nó era um nó de afeto!
Qualquer criança necessita das referências
dos adultos; observa seus exemplos com mais
atenção do que os conselhos e precisa
saber e compreender que há regras para o bem viver na existência. Necessita dos
valores de respeito a si próprio e aos semelhantes e mais que isso, o futuro
adulto deve ter nos pais, seus melhores amigos. Estes devem dar-lhe atenção,
ouvir-lhe, exemplificar mais que proferir sermões ou castigar, falando-lhe ao
sentimento e tratando-o com carinho, para o bom desempenho da missão. Só assim,
teremos filhos, verdadeiramente companheiros e amigos e nossa tarefa terá sido
compensada de êxito.
Lembremos sempre de que, antes de serem
nossos filhos, eles são filhos primeiramente de Deus, assim como todos nós, que
nos criou para o Amor e a Eternidade...
Bibliografia:
Jane Martins Vilela
+ acréscimos
Jc.
São Luís, 22/10/2010
Refeito em 7/6/2016
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