Assim como Allan Kardec, José Herculano Pires desencarnou também muito cedo, aos 64 anos e meio de idade. Nascido na cidade de Avaré (SP) em 25 de setembro de 1914, filho do farmacêutico José Pires Correia e da senhora Bonina Amaral Pires, ele fez seus primeiros estudos em Avaré, depois em Itaí e Cerqueira César. Sua vocação literária despontou ainda quando criança.
Aos 9 anos, escreveu seu
primeiro soneto; aos 16 anos, publicou seu primeiro livro, e aos 18 anos, o
segundo intitulado Coração, constituído
de sonetos e outros poemas. Nessa mesma época, em 1932, assumiu a direção da
tipografia do seu pai e tornou o jornal
“O Porvir”, órgão oficial da União Artística do Interior, que havia
fundado em Cerqueira César. Em 1936, transformou o jornal em uma revista
literária, dando-lhe o nome de “A Semana”. Nesse mesmo ano tomou contato com “O
Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, convertendo-se a partir daí ao
Espiritismo. Ainda em 1936, com 22 anos de idade, pronunciou sua primeira
conferência doutrinária, fato que se deu numa concentração espírita realizada
na cidade de Ipauçu, no interior de São Paulo, quando conheceu Maria Virgínia
de Anhaia Ferraz, com quem se casou em 1938.
Em 1940 mudou-se para
Marília (SP), onde adquiriu o jornal “Diário Paulista”, que dirigiu por seis
anos. Em 1946 mudou-se para São Paulo (SP), onde lançou seu primeiro romance e,
no campo profissional, trabalhou por cerca de 30 anos nos Diários Associados,
em que exerceu diversas funções: repórter, redator, secretário, cronista
parlamentar e crítico literário. Em 1954 publicou “Barrabás” que recebeu o
prêmio do Departamento Municipal de Cultura de São Paulo, constituindo o
primeiro volume da Trilogia “Caminhos do Espírito”. Publicou em 1975, “Lázaro”
e com o romance “Madalena”, completou a trilogia.
Jornalista, escritor e
tradutor, foi ele presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e membro
da Academia Paulista de Letras, mas, sobretudo, um dos grandes estudiosos e
divulgadores da Doutrina Espírita, a quem Emmanuel, por meio de Chico Xavier,
fez merecido elogio atribuindo-lhe o epiteto: “o metro que melhor mediu
Kardec”. Autor de 81 livros de Filosofia, Histórias, Ensaios, Psicologia,
Pedagogia, Parapsicologia, Romance e sobre a Doutrina Espírita, alguns em
parceria com Chico Xavier, dizia sofrer de grafo mania, escrevendo dia e noite.
A relação das obras que escreveu pode ser vista no “site” da Fundação Maria
Virgínia e J. Herculano Pires. O link é: www.fundacaoherculanopires.org.br.
Graduado em Filosofia pela
USP em 1958, publicou uma tese existencial: “O Ser e a Serenidade”. De 1959 a
1962, ocupou a cadeira de filosofia da educação na Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras, de Araraquara (SP). Fundou o Clube dos Jornalistas Espíritas
de São Paulo em 23/01/1948, que funcionou por 22 anos. Foi diretor fundador da
revista “Educação Espírita” publicada pela editora Edicel.
Traduziu cuidadosamente as
obras da Codificação Espírita, enriquecendo-as com notas explicativas nos
rodapés. Essas traduções foram doadas a diversas editoras espíritas no Brasil,
Portugal, Argentina e Espanha. Colaborou também com o Dr. Júlio Abreu Filho na
tradução da Revue Spirite, publicada pioneiramente pela editora Edicel. Além
dos livros e dos artigos que escreveu dos inúmeros eventos que participou e das
palestras que proferiu, por mais de 20 anos, Herculano Pires manteve uma coluna
diária sobre a Doutrina dos Espíritos, em um dos mais importantes periódicos
paulistas, pertencentes ao grupo dos Diários Associados, com o pseudônimo de
“Irmão Saulo”. Durante 4 anos manteve no mesmo jornal, uma coluna em parceria
com Chico Xavier, sob o título: “Chico Xavier pede licença”.
Ao desencarnar em 09 de
março de 1979, deixou vários originais os quais vêm sendo publicados pela
Editora Paidéia. Se ainda fosse vivo, neste ano de 2014, ele faria 100 anos de
idade. Por tudo o que sabemos o centenário de Herculano Pires não poderia
passar em branco, e não passou. Uma série de ações comemorativas foram
organizadas e levadas a efeito, nos últimos doze meses, incluindo seminários,
palestras e lançamento dos seus livros. Ao todo, foram realizados 25 encontros
quinzenais, nos quais, a cada edição um estudioso da obra de Herculano,
proferia palestra focalizando as diversas categorias do seu trabalho, no campo
literário, jornalístico, filosófico, poético e doutrinário.
No dia 20 de setembro, no
auditório da FEAL – Federação Espírita André Luiz, em São Paulo, ocorreu o
evento que encerrou as comemorações do centenário de Herculano Pires, com a
realização do simpósio “Herculano Pires 100 anos”, e o lançamento do filme do
cineasta Edson Audi, “Herculano Pires: um convite para o futuro”, sobre a vida
e a obra do homenageado.
Participaram do simpósio,
Heloisa Pires, filha de Herculano, os confrades Marco Milani, Wilson Garcia e
Paulo Henrique Figueiredo que focalizaram, em suas exposições, os temas
seguintes: Herculano Pires, o filósofo –
Marco Milani; Herculano Pires, o jornalista – Wilson Garcia; Herculano Pires, a coerência doutrinária –
Paulo Henrique Figueiredo.
Para saber mais sobre
Herculano Pires, assista ao vídeo da Videoteca Espírita PAF, de São Carlos
(SP). As gravações foram feitas no Centro Espírita Cairbar Schutel, de São
Paulo, com a participação de D. Virgínia e um de seus filhos. O vídeo faz parte
do acervo da Fundação Maria Virgínia e J. Herculano Pires, cujo link é:
https://www.youtube.com/watch?v=Qez-WSANjdw
Fora do Brasil, no mês de
abril deste ano, durante a Semana Espírita de Nova York foi realizada uma
homenagem ao escritor com palestras em vários Centros Espíritas daquela cidade,
quando foi lançado o livro “Mediumship” versão em inglês de “Mediunidade” de
Herculano Pires, traduzido pelos irmãos de Nova York e pela Spiritist Society
of Flórida, daquele país. Ao longo das comemorações, foram lançados os livros:
“365 Momentos Espirituais” com J. Herculano Pires, com organização de Wilson
Garcia, publicado pela editora EME, e “Kardec é Razão”, edição revista e
ampliada e os livros “O Livro dos Espíritos” e “O Evangelho Segundo o
Espiritismo”, tradução, notas e comentários de J. Herculano Pires, editora
Paideia.
Fonte:
Jornal
“O Imortal” – 10/2014
Angélica
Reis
+
Pequenas modificações.
Jc.
São
Luís, 16/10/2014
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